segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Hanoi, cidade de contrastes (dez 2011)

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        Quando Oanh, nosso guia em Hanoi, percebeu que nos interessávamos por algo mais do que os aspectos turísticos da cidade, incluiu no roteiro o Museu da Guerra, onde está a escultura acima, construída com restos de aviões abatidos durante o conflito com os americanos. Disse-nos que civis participavam das operações. A moça da foto em frente à obra, por exemplo, arrasta destroços do avião que ajudou a derrubar. Durante a visita ao Museu, vimos jovens alunos de academias militares aprendendo sobre seu país.

       No decorrer de sua História, o Vietnã foi atacado por grandes potências mundiais: a Mongólia de Genghis Khan;  a China; a França; o Japão; e, por fim, os Estados Unidos. A dominação chinesa durou mil anos; a francesa, cem. Os japoneses chegaram durante a Segunda Guerra. Mas, afinal, todos foram expulsos. A derrota imposta ao exército de Genghis Khan marcou o início da queda do império mongol. Os arrogantes EUA foram escorraçados há pouco mais de trinta anos. Deduz-se que o vietnamita, apesar da aparência frágil, não está para brincadeiras. Tem defendido sua terra e sua autonomia com unhas e dentes. Respeito é bom, e eles gostam. 

       Curioso povo: nosso politizado guia - que, ao nos buscar no aeroporto apressou-se em dizer que ficaríamos num hotel construído com capital suíço - em nossas visitas a templos, parecia rezar. Perguntei-lhe sobre isso, e ele respondeu que não acreditava em rezas, mas assumia postura de respeito com os antepassados. Esclarecimento: no Vietnã, templo é um memorial em homenagem a antigos generais, filósofos ou outras figuras proeminentes - como na foto abaixo. Os lugares dedicados a religião chamam-se pagodes.

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       O Vietnã tem cerca de dez vezes mais habitantes por quilômetro quadrado do que o Brasil.  Tamanha concentração demográfica é visível em Hanoi - que, para completar, tem quantidade inacreditável de motos nas ruas. A população, que antes se locomovia em bicicletas, agora, com melhor renda, optou por transporte mais rápido e eficiente. O resultado é impressionante: trânsito caótico, embora em velocidade civilizada. 

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Observamos certa paranoia com relação à poluição. Muitos andam com máscaras na boca e no nariz. O guia informou que, além da poluição, o que incomoda é o sol: as pessoas tapam o rosto porque não querem escurecer a pele.



Não há muita preocupação quanto à segurança nas motos. Crianças, mulheres grávidas, famílias inteiras, todos andam encarapitados sobre duas rodas.



 

Nas ruas, os contrastes entre o moderno e o antigo são evidentes:

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O guia Oanh explicou que a abertura econômica, nos moldes da China, aumentou a produtividade e beneficiou a população.

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     Oanh, nacionalista convicto, falava sempre na primeira pessoa do plural, referindo-se às medidas tomadas pelo governo. Mostrava uma sensação de pertencimento, como se tivesse ingerência nas decisões.
  
     Há no país muitos mutilados de guerra, assim como pessoas cujos pais sofreram os efeitos do "agente laranja", desfolhante despejado às toneladas pelos americanos, e geraram filhos com algum tipo de deficiência. "Nós criamos empregos para essas pessoas", disse Oanh, e nos levou a oficinas onde artesãos bordam pacientemente, ponto a ponto, quadros com belas paisagens do país. Os turistas se encantam.

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O heroi nacional é Ho Chi Minh, cujo corpo embalsamado é reverenciado num mausoleu onde só se pode tirar fotos externas.
À entrada, num grande mural, está escrito "Viva a República Socialista do Vietnã!". 


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Turistas e nacionais fazem fila e têm apenas alguns instantes para olhar o estadista que, deitado no esquife, parece adormecido.

Mas em Hanoi não se respira apenas política. O teatro de marionetes dentro d'água é uma tradição que não se pode deixar de conhecer.

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 Os artistas, por trás das cortinas, também dentro d'água, manejam as marionetes por meio de bastões. Encenam lendas e mitos do folclore vietnamita, acompanhados pela orquestra típica.






      

 

No Templo da Literatura, construído em 1070 e primeira universidade do Vietnã, uma turma comemorava o aniversário de formatura defronte ao altar dedicado a Confúcio...

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                                                                                                                     (ligue o som)

                                                                    

                                                                                                                                                           ... mocinhas festejavam a colação de grau...

   
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... e musicistas mostravam suas habilidades em instrumentos antigos, tocando   música tradicional do país: 

 
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Na periferia da cidade, a caminho da baía de Ha Long, os arrozais fazem parte da paisagem.

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* Os vídeos dessa postagem foram gravados por Jitman Vibranovski 

Próxima semana: baía de Ha-long



12 comentários:

  1. Maravilhoso documento de viagem, tenho aprendido muito e apreciado a sua maneira de contar e a disposição das belas fotografias! beijos

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  2. Valeu mais este "capítulo", Cláudia. Estou seguindo e aproveitando muito. Além das interessantíssimas observações sobre a política e a cultura vietnamitas, me chamaram a atenção as mocinhas deste lugar tão distante comemorando a colação de grau fazendo aquele coraçãozinho com as mãos, exatamente como fazem as mocinhas daqui. É a globalização do gesto... rsrsrs.
    Beijo. Aguardo com grande expectativa as próximas publicações.
    Guiga.

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    1. Pois é, Guiga. E a foto de que gosto mais - apesar de estar um pouco fora de foco porque eu estava num veículo - é aquela da moça com o chapeu de camponesa vietnamita andando na rua e falando ao celular. Achei bárbara aquela cena!

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  3. me sinto assistindo um documentário. E dos melhores! parabéns. beijo

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  4. Que ótimo, Teresa! É essa a minha intenção: documentar nossa visita a esse lugar tão longe e diferente.
    Beijo.

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  5. Maravilha, Claudia! Bela descrição do lugar e da cultura.
    Uma observação; os vietnamitas carregam não só pessoas nas motos, mas mudanças, imensas tevês, e mesmo carrocinhas lotadas de animais. Em viagem há dois anos pelo sudeste asiático assistimos - eu e meu amigo Pedro - uma moto carregando uma vaca amarrada na garupa. É muito louco mesmo, mas muito mais em conta do que ter um carro; segundo eles. Vale também uma visita a Ha Long Bay, passeio de barco pelos incríveis limestones na baía.
    Beijo e até a próxima.

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    1. Uma vaca na garupa?! Que maravilha, queria ter visto! Num museu a gente viu uma bicicleta carregada de cestos, quase não se viam as rodas; o condutor, nem pensar. Quanto à baía de Ha Long, é a próxima postagem, ainda nessa semana. Beijo e obrigada pelo comentário.

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  6. Que lindo, Cláudia!!! uma aula de história e da cultura desse povo tão interessante!!!! continue fazendo esse trabalho tão bacana, instrutivo e criativo!!!!
    beijo,
    Suzi

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    1. Obrigada, Suzi. E esse é mesmo um povo pra lá de interessante! Beijo.

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  7. Que prazer ver suas postagens! sempre tão criativas e interativas! Parabéns mais uma vez!

    beijos,
    Suzi

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