domingo, 28 de abril de 2013

Bariloche no outono

É um cartão postal. Vermelhos, amarelos, marrons e verdes na vegetação, um friozinho gostoso, paisagens deslumbrantes, uma lua cheia inacreditável com o céu ainda claro… Sem contar os chocolates, uma festa para as papilas gustativas.

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No outono ainda não há neve nem gelo, a não ser os glaciares do distante El Tronador, montanha a 2.100 metros acima do nível do mar, e que tem esse nome por causa dos pedaços da geleira que se desprendem e fazem barulho parecido com o de um trovão.  É passeio indispensável, que dura o dia inteiro. Dica importante: levar sanduíches, pois no único restaurante disponível a comida é intragável.

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Aliás, em Bariloche custamos a acertar no quesito alimentação. Os restaurantes são tipo armadilha para turistas, muito enfeitados e folclóricos, onde o menos importante é a comida. Só depois de experiências mal sucedidas conseguimos acertar: Chez Phillipe, Charming e Jauja são boas indicações, assim como Covita, para comida natural (existe a não-natural?), e Carlitos, para gostosos sanduíches.

No capítulo comida, os chocolates são um capítulo à parte. Inúmeras casas oferecem produtos artesanais da melhor qualidade, com diferentes recheios, deliciosos. As vitrines atraem os olhares e deixam água na boca.

P1100354.bxAlém dessas delícias, muitas casas oferecem patês de salmão e de trutas, especialidade da região, e embutidos defumados de cordeiro patagônico e javali.

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Mal comparando, pode-se dizer que a cidade é alguma coisa entre Campos do Jordão e Gramado, com estilo arquitetônico que eles chamam de suíço-argentino ou suíço-patagônico, se bem me lembro.

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Mesmo fora da temporada de inverno, há turistas pelas ruas. E um detalhe triste: muitos cachorros abandonados. São grandes, bonitos, de raça, alguns até com coleira. Mas os donos desistiram de cuidar deles e os largaram pelas calçadas, onde eles ficam por perto de quem os alimente. Dá pena, pois a gente fica imaginando onde eles dormem no inverno.

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Característica interessante da cidade são as árvores cobertas por crochê. Isso começou quando, em 2011, o vulcão chileno Puyehue entrou em erupção e espalhou cinzas pelos países da região. Bariloche foi afetada, e durante cerca de dez meses os voos para o lugar foram interrompidos, atrapalhando o turismo. A cidade ficou coberta de cinzas. Como numa nevasca, os habitantes tinham de removê-las das ruas para sair de casa. Então, alguém começou a alegrar a cidade, colocando telas de crochê envolvendo as árvores. Colorido, curioso e bonito.

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Sabe-se que o povo argentino é bastante politizado. Lá, ao contrário do Brasil, torturadores e ditadores são presos e pagam por seus crimes. Em Bariloche pudemos sentir reflexos dessa personalidade. O chão da praça do Centro Cívico está cheio de referências aos desaparecidos políticos, e placas de ruas foram alteradas, sugerindo que os nomes fossem trocados por heróis da resistência assassinados pela ditadura militar.

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Outra demonstração da politização foi a passeata a que assistimos, de ex-empregados de uma casa noturna que fechou, e cujos donos não pagaram os salários devidos. A manifestação, com homens, mulheres e até bebês, percorreu a principal rua da cidade e se deteve em frente à casa de um dos sócios, com os integrantes tocando cornetas, tambores, e gritando palavras de ordem.

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Além dos aspectos urbanos, o que mais se destaca em Bariloche é a natureza. A cidade está à beira de um lago com mais de 400 km de extensão – aproximadamente a distância entre Rio e São Paulo. As paisagens são belíssimas, e um passeio dos mais agradáveis é à Ilha Vitória, com sequóias centenárias, onde se faz uma caminhada de cerca de 1 km.

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No barco, passageiros oferecem biscoitos às gaivotas, que vêm arrancá-los das mãos das pessoas.

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Outro lugar belíssimo é o Campanário, ao qual se chega por um teleférico.

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Foi emocionante, em determinado momento, descobrir um foco de incêndio na floresta e avisar os responsáveis.

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No último dia, depois de outros passeios, como ao Cerro Catedral e ao Cerro Otto, a surpresa foi a lua cheia que apareceu em meio aos ciprestes.

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24 comentários:

  1. Lindo trabalho, amiga. Tinha tempo que não via o blog. Achei maoa bonito e ótimo. Tanto Barilichoche como Manaus. Vc coloca algum serviço, com dicas e preços? Não achei. Seria uma mão na roda...
    Bjs gerais (inclui Jitman, filho, papagaio...)
    André

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    1. Oi,André, que bom que vc gostou do blog. Quanto ao serviço, realmente não coloco, mas se vc quiser alguma informação, disponha, me ligue ou mande uma mensagem.
      Beijo.

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  2. Adorei rever Bariloche no outono. Conheci no inverno (toda branquinha) e no verão, quando o cinza das montanhas contrasta com o azul do lago. Guardo na memória lindas paisagens da viagem de carro pela estrada que liga Bariloche a San Miguel de Los Andes, onde comi o melhor alfajor que já provei, chamado La Abuela Vieja, pequenos e saborosos, muito melhor que o tradicional Havana. Deu vontade de comer e de voltar! Obrigada por despertar essas boas lembranças turísticas.

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    1. Obrigada, Júlia! Beijo grande, e vamos continuar nossas reuniões!

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  3. Bonito Cláudia, a vontade é de parar em cada foto e admirar o que o motivo e a sensibilidade do seu click. Seus textos continuam emoldurando as fotos com muito gosto. Parabéns

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  4. Sua mão para foto é realmente muito boa! E aqueles chocolates....hummm!

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    1. Até hoje sinto o gostinho deles, Celene... E obrigada pelo elogio à minha mão fotográfica!. Beijo.

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  5. Cláudia,adorei!! parabéns, dá vontade de ir...beijão!

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  6. Muito legal. Fotos lindas!
    bjs

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  7. Muito lindo!!!!
    Beijo grande,
    Julita

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  8. Cláudia,

    Qdo vejo que há novidades no seu blog, abro na frente de outros e-mails pq sei que vou curtir muito suas fotos e seus comentários poéticos! Bjs, Isa

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  9. Solange Maria Marques Erthal1 de maio de 2013 às 12:47

    Oi,Cláudia:
    Adorei seu blog! Lindas fotos! Obrigada.
    Bj,
    Solange

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  10. Muito bom! Parabéns
    Bjs,
    Luiz Carlos Fiore

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  11. Adorei me deu vontade de conhecer pois nunca fui a Bariloche.

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  12. Cláudia querida:
    Viajar com vc. é uma delícia! As escolhas que vc. faz tanto das fotografias, quanto dos relatos são enriquecedoras.
    Dá vontade de rever Bariloche no outono, já fui no verão e no inverno, são ótimas as lembranças!
    Bjs
    Vera

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  13. Como sempre, Cláudia, suas "reportagens" são muito interessantes. Dá prazer de ler e ver.
    parabéns! beijos

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  14. Oi Claudia
    Bariloche é minha velha conhecida, fui algumas vezes mas as fotos serão sempre bem vindas. Anavilhanas é fora do comum e bem convidativa. É para se pensar.
    Abs
    Beatriz

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  15. Tenho procurado dicas sobre Bariloche no outono e este seu blog foi de longe o mais entusiasmante. Eu, minha esposa e uma amiga pretendemos ir no final de abril e a espera e ansieadade só aumenta! Obrigado pelas informações, dicas, fotos e etc! Se não for abusar gostaria de pedir as mesmas dicas de serviços e precos que o André pediu. Abraços.

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    1. Caro Joab,
      Fiquei muito feliz por vc ter considerado meu blog o "mais entusiasmante". Obrigada. Quanto às dicas de serviços, o que posso lhe passar são anotações que guardo para me orientar em outra ocasião. Ficamos no Hotel Nevada, bastante central, de 20 a 25 de abril de 2013. Não é luxuoso, mas serviu ao nosso propósito. O gasto total da viagem foi R$3.400 por pessoa (passagem e hotel: R$2.324; alimentação: R$1.032). E, se vc gosta de comer bem, fuja dos restaurante que chamei de "armadilhas para turistas". Espero que vcs aproveitem bastante a viagem, tanto quanto aproveitamos! Um abraço.

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  16. Olá Cláudia... Gostaria muito de conhecer Bariloche bem no ápice dessas cores do outono, com árvores bem vermelhas, laranjas e amarelas... Acha que pra isso seria melhor ir lá em Abril ou maio?

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  17. Realmente não sei, pois fui em abril, e estava bem bonito, como pode ver no blog. Nunca estive em Bariloche em maio...

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