A Terra é azul, disse em 1961, a 315 km de altitude, o astronauta soviético Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a viajar pelo espaço sideral.
Mas, vista assim de tão longe, a Terra tem também outra característica: uma única mancha marrom em meio ao azul. São os mil quilômetros de extensão de Atacama, o mais alto e seco deserto do mundo. Fica na região norte do Chile, e se estende até a fronteira com o Peru.
O lugar é hoje um dos mais procurados destinos turísticos do Chile. Suas paisagens de características lunares atraem visitantes do mundo todo – e em especial os brasileiros.
O deserto se espalha por cerca de 105 mil km² de areia, terreno pedregoso, vulcões e lagoas salgadas, chamadas salinas.
Lhamas, guanacos, alpacas e vicunhas selvagens são personagens constantes na paisagem.
Há muito a ser visto, e passeios a serem feitos. Alguns são sazonais, ou seja, dependem do clima e do tempo.
Nas fotos abaixo estão os Ojos del Salar, duas pequenas lagunas ovais de água doce, formadas a partir das raras chuvas que ali caem. Pode-se mergulhar, mas, como era inverno, a temperatura não estava nada convidativa…
O chamado Valle del Arcoiris tem esse nome por causa das cores variadas da terra.
Tons esverdeados, avermelhados e arroxeados enfeitam esse lugar de beleza ímpar.
Laguna seca, Valle de la luna, Laguna de Flamingos e Salar são outras atrações de Atacama.
A temperatura, como geralmente ocorre nos desertos, é bastante variável, fria à noite e quente durante o dia.
O terreno é diversificado tanto no aspecto como na formação. Além de dunas, vulcões e montanhas, há áreas marcadas por erosão, o que permite atravessar por dentro de uma caverna.
O ponto alto dos passeios em Atacama são os Gêiseres del Tatio, distantes 90 km da cidadezinha de São Pedro . São quase duas horas de viagem, e para visitá-los é preciso sair ainda de madrugada, pois a plena atividade deles é antes do amanhecer.
Os Gêiseres del Tatio ficam a 4.320 metros de altitude e são grandes colunas de vapor e fortes jatos de água a 85º centígrados que saem com força para a superfície através de fissuras na crosta terrestre. Alguns chegam a alcançar 10 metros de altura.
São formados quando rios quentes subterrâneos entram em contato com rochas geladas, por causa da temperatura ambiente muito fria, geralmente negativa, variando entre zero e menos vinte graus.
Em julho, quando estivemos lá, a temperatura antes do sol sair chegava a muitos graus abaixo de zero. E, no local dos gêiseres, é preciso tomar cuidado e respeitar a sinalização, para não ser surpreendido por um jato de água fervente.
Para quem tem coragem de enfrentar baixas temperaturas, uma atração à parte são as águas termais. O difícil é percorrer, naquela temperatura enregelante, a distância entre as piscinas naturais e os vestiários, usando apenas a roupa de banho.
Já San Pedro de Atacama propriamente dita é uma cidade mínima. Tem cerca de 3 mil habitantes e se resume praticamente à rua principal e a algumas poucas transversais. A rede hoteleira é precária e, por causa da pouca oferta, cara.
Ao escolher um hotel é importante que seja perto do Centro. Há restaurantes razoáveis – como o Las Delicias de Carmen e o La Casona – e uma infinidade de agências de viagens que oferecem passeios pelas redondezas. É preciso escolher com critério, pensando nos preços, claro, mas também nos requisitos de segurança e conforto.
Pelas ruas não é difícil encontrar indígenas, provavelmente remanescentes do povo atacamenho, que habita a região desde tempos imemoriais.
A igrejinha local, construída em 1774 na Plaza de Armas por jesuítas espanhóis, é a segunda mais antiga do Chile e tem paredes de adobe e teto de madeira de cacto e couro de lhama, técnica herdada dos povos andinos. A torre foi acrescentada ao conjunto só em 1890. Desde 1951 a Igreja de San Pedro de Atacama é considerada Monumento Nacional.
A Plaza de Armas, com muitas árvores, é um dos lugares mais agradáveis da cidade, onde turistas e locais gostam de passear. Em volta há restaurantes, cafés, agências de viagens e lojas de artesanato e suvenires.
Entre a cidade de Calama, onde fica o aeroporto, e San Pedro de Atacama, há um importante monumento no local onde em 1973 foram mortos e enterrados habitantes da região, vítimas da ditadura chilena. Fotografei e escrevi sobre o lugar, e a matéria foi publicada na revista Carta Capital: https://www.cartacapital.com.br/revista/973/no-atacama-segue-a-busca-pelas-vitimas-do-regime-pinochet
Por causa da altitude e por ser um dos lugares mais secos do planeta, o que faz o ar extremamente translúcido, no deserto de Atacama está o maior telescópio do mundo. A construção deste observatório a 5.000 metros de altitude custou cerca de US$1,4 bilhão, numa parceria entre Europa, Estados Unidos, Taiwan, Japão e Chile.
Esta é outra atração turística de Atacama: observar o céu num dos melhores locais da Terra para isso. Várias agências oferecem o passeio, feito apenas em noites sem lua cheia. Na hora de escolher deve-se pesar preço, conhecimento do guia, quantidade e qualidade de telescópios, etc. Mas vale a pena, é muito interessante.
A foto abaixo, da lua crescente, foi feita através de um telescópio durante a “aula” que tivemos sobre astronomia, numa noite gelada, enrolados em cobertores e com o agrado de uma chícara de chocolate quente ao final. Não era o melhor cenário: sem lua, o céu fica mais estrelado e as constelações mais visíveis. Mas não havia opção, e mesmo assim estava bonito. Valeu!
Durante cerca de quinze anos viajei mundo afora fazendo anotações e fotos para matérias de turismo. Publiquei em veículos como Jornal do Brasil, O Globo, Jornal do Commercio (Recife), Playboy, Geográfica, Manchete, Vip, Cláudia, Ele Ela, Seleções, Gula e outros. Escrevi para sites. Fui editora de turismo da Tribuna da Imprensa e do Jornal da Comunidade, esse de Brasília. Hoje viajo por lazer. Esse blog é para contar minhas aventuras.
domingo, 9 de setembro de 2018
Atacama, o deserto mais seco do mundo
10 comentários:
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Os relatos da Cláudia, com uma narrativa na medida certa e fotos muito bem selecionadas, são perfeitos para incentivar a viagem daqueles que não conhecem o local comentado e para trazer recordações especiais aos que já o conhecem! Obrigada, Cláudia!
ResponderExcluirObrigada a você pelos elogios, Isa! Um beijo
ExcluirO comentário que publiquei acima saiu sem minha identificação. Corrijo a falha!
ResponderExcluirIncrível este lugar.
ResponderExcluirviagem fantástica!!!!
ResponderExcluirMuito lindo, Cláudia! Ótimas descrições também!
ResponderExcluirBeijo,
Bárbara
OI, Cláudia,
ResponderExcluirQue bom saber de vc!
Saudades,
Aninha
Blz., Claudia.
ResponderExcluirBjs,
Mauricio.
Lindas fotos, Cláudia!
ResponderExcluirque maravilha
gostaria de conhecer esses lugares um dia
talvez
quem sabe..
bjos
Andrea Dantas
adorei viajar! bkos
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