Quando adolescente, eu ouvia a música My Funny Valentine e não compreendia o que o autor queria dizer quando chamava a namorada de unphotographable. Como alguém ou alguma coisa pode ser infotografável?
Em Santorini, entendi. Santorini é infotografável. Pode-se retratá-la em vários ângulos, mas é impossível captar toda a beleza dessa ilha em forma de meia lua, cercada pelo mar com o mais impactante tom de azul.
A ilha – onde, segundo a lenda, ficava o reino perdido de Atlântida - era arredondada antes da erupção vulcânica que, em 1450 a.C, a explodiu ao meio, dando-lhe o formato de lua crescente.
Santorini foi colonizada pelos minóicos e habitada pelos dóricos. Já foi chamada Kallístē (a mais bela), e Strongýlē (circular). No século XIII os venezianos lhe deram o nome atual, em homenagem a Santa Irene – Irini, em grego.
Os penhascos vulcânicos cheios de construções brancas são característicos do lugar, rota obrigatória de cruzeiros pela região.
Embora a atividade turística predomine, ainda é possível encontrar moradores carregando seus burricos com mercadorias, como figuras de outra época.
Os burricos são também usados por quem vive do turismo: fazem sucesso subindo os 580 degraus que separam o pequeno porto de Skála Firon de Fira, a capital da ilha, 270 metros acima do nível do mar.
Boa ideia é alugar carro para conhecer outros povoados e as curiosas areias negras das praias de Kamari e Perissa.
Indispensável saborear drinques e mezédes - pequenas porções de comidinhas típicas – deliciando-se com a paisagem. No caminho, muito artesanato típico e – surpresa – uma turista europeia com a bandeira brasileira na sandália.
No porto do povoado de Oia há restaurantes de onde se pode observar o pôr-do-sol. Mas a fama do lugar subiu à cabeça de alguns proprietários, e os preços podem ser bastante salgados. É aconselhável pesquisar para escolher o melhor custo benefício.
A exemplo do Brasil, onde a “classe média do Lula” conquistou direitos e lota aeroportos, em Santorini a “classe média pós-Mao” fazia a festa. Incontáveis chinezinhas, com roupas de grife e muito charme, passeavam seus olhinhos puxados e seus cabelos escorridos. Entre elas, uma ou outra negra cheia de bossa.
Os hotéis de Santorini são um caso à parte, assim como a gastronomia. Peixes, frutos do mar e a tradicional moussaka encantam os paladares.
Nas ruelas, crianças “arranham” acordeons, com cachorrinhos ao lado, para ganhar algum trocado. Excelentes músicos também se apresentam com o mesmo objetivo. Esses, ao nos ouvir conversar em português, tocaram Manhã de Carnaval – uma delicadeza. Ao fundo e em frente, turistas fotografam.
Dignas de nota são as cores e as formas da arquitetura local.
Na hora do pôr-do-sol os turistas disputam o melhor lugar na amurada da praça central de Fira.
A primeira estrela aparece no lusco-fusco avermelhado do crepúsculo, ainda antes da noite se instalar.